segunda-feira, 9 de junho de 2008

Platão às Avessas


As sombras da caverna platônica ganharam cores e formas no second life...
só que no Mito da Caverna, as pessoas que saíam e experimentavam da liberdade e da realidade deixando de lado aquela impressão opaca e equivocada do que é real, não queriam jamais retornar à antiga vida. No jogo que simula a segunda vida de um ser humano, a tendência é acontecer o inverso. A pessoa, por vontade própria sai da realidade em que vive buscando, muitas vezes, refúgio no que, nesses casos, exerce a função da caverna de Platão, só que numa versão 3D. A vida aos poucos vai deixando de ser o que conhecemos e vai se perdendo entre amizades virtuais, paisagens que imitam aquelas que vemos aqui fora, relações ainda mais superficiais, e a noção de felicidade, ainda mais ligada ao status, à projeção social, ao sucesso financeiro, enfim. Aquilo que era apenas sombra se tornou imagem atrativa de uma pseudo-realidade, se é que podemos usar esse termo. Mas como estamos falando do Second Life, onde tudo é possível, essa expressão se torna aceitável, já que é próprio do jogo eliminar alguns conceitos básicos do ser humano e princípios fundamentais da coexistência.

Biru Baxton: olha cara é bakana... no começo nem gostei mto mas fui acostumando.

Pior do que a ignorância e a falta de consciência do real é a busca consciente da alienação. Na alegoria criada por Platão, alguns que conseguem se libertar, para sair da caverna, têm que, primeiro, se acostumar com a luz do sol, com inúmeras cores e nuances. E nesse processo, os olhos, sensíveis e acostumados com o escuro, doem e não conseguem perceber a realidade com clareza. Isso não parece ser um grande problema para essas pessoas, porém, tratando-se de um jogo que simula a vida real, o que seria apenas uma dor nos olhos, pode se tornar algo bem mais grave, visto que o processo é inverso ao que vemos na história de Platão. Lá as pessoas fogem da caverna e vão para a vida real, tendo a possibilidade de nunca mais voltar, no Second Life as pessoas fogem da vida real e vão para a caverna, onde não podem ficar para sempre, tendo que, invariavelmente voltar para a vida real, tendo assim, que, num momento ou noutro, socializar, reconhecer-se como é realmente, trabalhar, e então, comer e beber de acordo com o que seu salário real permite pagar.

Não se pode, também, deixar de falar sobre os fatores positivos do Second Life, como a educação à distância, exposição de projetos arquitetônicos e de outras naturezas, pesquisas com amplo acesso as pessoas, etc. Tudo isso são vantagens trazidas pelo mundo virtual, sem dúvida, e não pretendo aqui dizer o contrário ou dizer que o Second Life é maléfico para todas as pessoas, de jeito nenhum. Mas a verdade é que o perigo existe, é bem real, até por quê a maior parte dos usuários é composta por adolescentes que, na maioria das vezes, estão muito mais interessados em, apenas, viver uma vida dupla, quase sempre fugindo dos seus “monstros” da vida real, chamada no Second Life de Real Life (RL).
Para se ter uma noção mais clara sobre o Second Life, uma boa página a se visitar é do Wikipédia:

domingo, 8 de junho de 2008

Estações e vidas


Há um ano atrás, aproximadamente, tive que usar, semanalmente, o tão famoso serviço de transportes europeu. Realmente, é incrível a qualidade do serviço. O estado em que se encontra cada um dos trens é de nos fazer inveja. Especialmente quando você chega à estação João Felipe para pegar um trem, no meu caso, em direção a Maracanaú.
Mas, confesso que o que mais me surpreendeu nessa experiência não foi um fator negativo para nós cearenses, não. É claro que, ao entrar no trem, a comparação com os invejáveis trens europeus foi inevitável, especialmente quando os estalos dos trilhos começaram a se tornar mais altos e constantes, e o balanço dos vagões, mais bruscos. Mas logo na ida comecei a observar o comportamento das pessoas. Pessoas que nunca tinham se visto acabavam se conhecendo, ali mesmo, e acabavam conversando sobre uns mil assuntos num curtíssimo espaço de tempo, entre uma estação e outra. Nesse momento o foco da minha atenção saiu do maquinário do trem e dos trilhos, e foi para o comportamento das pessoas, e isso também, não tinha como não comparar, pois durante as tantas idas e vindas nos trens europeus, eu nunca havia trocado duas palavras sequer com qualquer um deles. Certa vez até comecei uma conversa com uma simpática moça, mas ela, também, não era de lá, era uma canadense que, como eu, estava lá pra estudar. Mas, voltando para esse sábado no nosso trem... Dona Emília, que era a senhora que estava sentada ao meu lado, tentava junto comigo entender o funcionamento das linhas férreas, não tinha como ela saber muito bem sobre o funcionamento, pois só pega esse trem aos sábados e faz sempre o mesmo percurso, isso depois de trabalhar a semana toda numa “casa de família”. Algumas pessoas que estavam próximas davam umas dicas e acabei entendendo como era o esquema dos trens, horários, linhas, coisas desse tipo.

Na volta procurei não falar tanto, mas observar e ouvir mais. João Pedro, uma criança linda de 4 anos de idade dormia o tempo inteiro naquele desconforto. Bem que a mãe dele tinha avisado que se ele não dormisse depois do almoço, teria sono durante a viagem. Dito e feito! Quando chegou a estação onde iam desembarcar, ele mal conseguia se manter de pé pra sair do trem. Talita foi mais obediente, dormiu depois do almoço e estava bem esperta durante toda a viagem. Sua mãe, que conheceu a mãe de João Pedro quando entraram no trem, dizia que só deixava Talita brincar com o que queria depois de dormir um pouquinho. “Pode fazer isso com o João Pedro que vai dar certo com certeza”, dizia ela, se vangloriando de sua esperteza. Mal desceram (João Pedro e a Mãe) e logo entrou um pastor evangélico com sua esposa, muito simpáticos por sinal. No lugar que iam sentar havia um folheto promocional daqueles que tem as fotos dos produtos com os respectivos preços. O pastor perguntou de quem era, mas não obteve resposta, então ficou para a esposa dele, que logo tratou de analisar todos os preços. Resultado: o assunto do vagão deixou de ser o sono e o comportamento das crianças e passou a ser a “caristia”. O pastor não participou muito da conversa, abriu a bíblia e foi ler mais sobre a palestra que ia dar na Igreja, afinal sua responsabilidade é grande e quanto mais se preparar, melhor. Daí pra frente o assunto não mudou mais e logo eu estava de volta na Estação João Felipe, de onde saí achando que os trens europeus eram invejáveis e cheguei de volta refletindo sobre o que é realmente importante, ter as coisas ou “ter” as pessoas. E o que vale mais? Andar no silêncio de um trem europeu, mas ouvindo cada ruído e contando os minutos pra chegar logo; ou andar num vagão barulhento, mas que tem o barulho abafado pelas histórias, risos, broncas de mães cuidadosas, enfim. O que é melhor? Ou pior?
Cada pessoa é um mundo incrível a ser descoberto, mas é preciso tempo, interesse, encontro, para poder se descobrir.

“Isto aqui é um pouquinho de Brasil, deste Brasil que canta e é feliz! Feliz! Feliz! É também um pouco de uma raça, que não tem medo de fumaça e não se entrega não”! (Ary Barroso).


Estação Professor João Felipe, em 2005. Foto Mário Sandrini



quarta-feira, 2 de abril de 2008

Convergência Midiática... O que converge? Para onde?

A historia da comunicação mundial, inclusive a brasileira, é repleta de convergências entre as mais diversas mídias. O surgimento da televisão no Brasil é um bom exemplo disso. Assim como era no rádio, com o surgimento da TV, as novelas melodramáticas se firmaram como uma das maiores fontes de entretenimento para todas as classes e camadas sociais. A linguagem utilizada no radio migrou para as telas. Os estúdios utilizados eram os mesmos, assim como os artistas, produtores e diretores. Tudo era apenas uma questão de adaptação. Simplificando, a radionovela ganhou imagem e se transformou em telenovela. Hoje os programas de TV e de rádio, assim como vários outros produtos da mídia em geral, migraram para a web. É claro que assim como os textos do rádio foram, com o tempo, se adaptando a uma nova mídia e, conseqüentemente, modificando a linguagem e o jeito de comunicar, há por vir uma serie de adaptações e mudanças.
Desde 2004 os assinantes da Globo.com ( http://www.globo.com/ ) têm acesso a parte do conteúdo da TV aberta e isso foi só o início, a tendência é aumentar cada vez mais a quantidade de programas disponíveis.
Hoje o conteúdo da Globo.com só é acessível a quem paga a assinatura e, conseqüentemente, possui um login e uma senha de acesso, porém, essa realidade tende a mudar com o surgimento de novos canais digitais. É natural que, assim como a TV aberta convencional, todos tenham acesso a toda a programação.
Ver a programação em tempo real, hoje já é possível, para quem tem em seu computador um equipamento que permite, através, da internet captar a transmissão da TV aberta. Nesse caso, não há nenhum tipo de adaptação na programação, pois não é um serviço dos canais, mas apenas uma captação e transformação, através desse equipamento acoplado ao computador, do sinal que vai para as televisões convencionais. Mesmo com telas tão pequeninas até mesmo os aparelhos celulares já podem receber, também, os sinais da TV aberta.
http://portalimprensa.uol.com.br/mapa/noticias/2008/02/19/imprensa17258.shtml

quarta-feira, 26 de março de 2008

Web 2.0

Web 2.0 é o termo que define uma nova geração de comunidades e serviços da web, onde os softwares se tornam melhores à medida que são utilizados, estando abertos às mudanças e ajustes pelos próprios usuários. Dessa maneira os softwares são eternamente betas, visto que sempre podem ser melhorados.
O termo, web 2.0, foi criado pela empresa norte-americana O’Reilly Media e não é uma unanimidade, muita gente, inclusive Tim Berners Lee, criador da World Wide Web, acha que o termo carece de sentido e muitos acham ainda que o termo é uma jogada de marketing.
Independente do termo utilizado para designa-la, a internet colaborativa, como também é chamada, forma várias redes sociais, onde há o intercâmbio de uma infinidade de dados e serviços que permanecem sempre abertos para colaboração. Um exemplo é a wikipédia, enciclopédia livre, onde as informações contidas podem ser alteradas pelos próprios usuários com a finalidade de atualizar e aperfeiçoar as informações. Todo conhecimento é bem vindo e pode ser postado para futuras consultas, de qualquer visitante do site. Essa nova maneira de se relacionar com a internet é um grande avanço e até quem não está na rede ativamente como colaborador se beneficia dos serviços. Todos têm acesso a tudo da rede e, hoje, quase tudo que procuramos é facilmente encontrado, e sobre quase todo tipo de assunto encontramos dados em diversos formatos, ou seja, podemos escolher entre diversos formatos de áudio, vídeo e texto.

Por que blogamos?

Muito se questiona sobre as razões que levam os blogueiros a deixarem seus pensamentos expostos em blogs para que todos leiam e façam comentários. Segundo muitos daqueles que não blogam, o desejo que os blogueiros teriam de que digam que eles estão certos, seria a principal razão da escrita dos textos, contudo, para quem escreve, o blog é muito mais do que uma ferramenta usada para massagear o próprio ego.
Libertação, partilha, conhecimento, liberdade de expressão e desabafo... essas, entre muitas outras, são palavras recorrentes quando o assunto em questão é a razão pela qual blogamos. O fato de todos nós gostarmos de aprovação e de apoio para nossas idéias, pensamentos e sentimentos, não significa que, se não os tivermos, perderemos de vista a razão de blogar. Quem bloga quer ser lido, sim! E acha, naturalmente, importante aquilo que escreve! Porém, mais do que isso, quem escreve quer eternizar, através das palavras, os seus sentimentos, suas sensações, seus insights, seus momentos e, ás vezes, até mesmo eternizar a sí mesmo, através de tudo isso. No blog “Rabisco(s)” a blogueira faz esse questionamento e para chegar a uma conclusão, pede comentários sobre esse assunto aos visitantes da página. Em um dos comentários lá postados, por uma outra blogueira, compara-se a escrita do blog à uma tatuagem. “Acho que quando escrevemos sobre a nossa vida num blog procuramos desabafar qualquer coisa que não nos apetece verbalizar. Comigo pelo menos é assim. Há coisas que prefiro tatuar do que dizer!” (sdA)
Logo na descrição da página em questão percebemos uma outra razão bastante interessante para a existência dessas publicações enquanto diários íntimos. Sobre o blog Rabisco(s) a blogueira escreve: “Iniciei este blog para rabiscar as minhas idéias, as minhas opiniões; para rabiscar descobertas, amores, desamores, ódios, rabugises, desabafos, alegrias, tristezas, segredos, desejos.” Entre todas as coisas que se postam nas páginas pessoais há um assunto especialmente intrigante! Os segredos! Por que será que aquilo que tantas vezes as pessoas se esforçam pra esconder no dia-a-dia, acaba sendo completamente exposto em páginas de blogs? Essas páginas acabam se tornando uma parte importantíssima de um mundo novo, onde tudo é permitido, onde, apesar de ser impossível se ter uma vida completa, vive-se a parte não vivida do cotidiano físico, material. Um comentário anônimo foi postado, nesse mesmo site, sobre esse comportamento. “Devido aos arquétipos da sociedade em que vivemos não podemos ser espontâneos uns com os outros. A verdade não faz parte da nossa vida e temos tendência todos a “mentir". Isto fere o nosso coração, para o libertar escrevemos sobre nós.”
Falar sobre os motivos que levam uma pessoa a escrever em blog, seria falar de uma infinidade de sentimentos, alguns deles, muitas vezes, não tão bem definidos e, conseqüentemente, impossíveis de serem compreendidos. Talvez, alguns desses sentimentos só se tornem mais claros depois de uma tentativa de traduzí-lo em palavras, de forma livre e despreocuada.


“...Sinceramente, não me importo se depois de “tar” postado as pessoas gostam ou não. Eu faço o meu melhor, na verdade sendo criminoso faço o meu pior. Se permito a discussão de idéias ou não... depende. Nunca apaguei nenhum comentário, por “muito” destrutivo que fosse, mas se alguém me insulta vai ter resposta!” (O criminoso - Postado no Blog Rabisco(s)).