Há um ano atrás, aproximadamente, tive que usar, semanalmente, o tão famoso serviço de transportes europeu. Realmente, é incrível a qualidade do serviço. O estado em que se encontra cada um dos trens é de nos fazer inveja. Especialmente quando você chega à estação João Felipe para pegar um trem, no meu caso, em direção a Maracanaú.
Mas, confesso que o que mais me surpreendeu nessa experiência não foi um fator negativo para nós cearenses, não. É claro que, ao entrar no trem, a comparação com os invejáveis trens europeus foi inevitável, especialmente quando os estalos dos trilhos começaram a se tornar mais altos e constantes, e o balanço dos vagões, mais bruscos. Mas logo na ida comecei a observar o comportamento das pessoas. Pessoas que nunca tinham se visto acabavam se conhecendo, ali mesmo, e acabavam conversando sobre uns mil assuntos num curtíssimo espaço de tempo, entre uma estação e outra. Nesse momento o foco da minha atenção saiu do maquinário do trem e dos trilhos, e foi para o comportamento das pessoas, e isso também, não tinha como não comparar, pois durante as tantas idas e vindas nos trens europeus, eu nunca havia trocado duas palavras sequer com qualquer um deles. Certa vez até comecei uma conversa com uma simpática moça, mas ela, também, não era de lá, era uma canadense que, como eu, estava lá pra estudar. Mas, voltando para esse sábado no nosso trem... Dona Emília, que era a senhora que estava sentada ao meu lado, tentava junto comigo entender o funcionamento das linhas férreas, não tinha como ela saber muito bem sobre o funcionamento, pois só pega esse trem aos sábados e faz sempre o mesmo percurso, isso depois de trabalhar a semana toda numa “casa de família”. Algumas pessoas que estavam próximas davam umas dicas e acabei entendendo como era o esquema dos trens, horários, linhas, coisas desse tipo.
Mas, confesso que o que mais me surpreendeu nessa experiência não foi um fator negativo para nós cearenses, não. É claro que, ao entrar no trem, a comparação com os invejáveis trens europeus foi inevitável, especialmente quando os estalos dos trilhos começaram a se tornar mais altos e constantes, e o balanço dos vagões, mais bruscos. Mas logo na ida comecei a observar o comportamento das pessoas. Pessoas que nunca tinham se visto acabavam se conhecendo, ali mesmo, e acabavam conversando sobre uns mil assuntos num curtíssimo espaço de tempo, entre uma estação e outra. Nesse momento o foco da minha atenção saiu do maquinário do trem e dos trilhos, e foi para o comportamento das pessoas, e isso também, não tinha como não comparar, pois durante as tantas idas e vindas nos trens europeus, eu nunca havia trocado duas palavras sequer com qualquer um deles. Certa vez até comecei uma conversa com uma simpática moça, mas ela, também, não era de lá, era uma canadense que, como eu, estava lá pra estudar. Mas, voltando para esse sábado no nosso trem... Dona Emília, que era a senhora que estava sentada ao meu lado, tentava junto comigo entender o funcionamento das linhas férreas, não tinha como ela saber muito bem sobre o funcionamento, pois só pega esse trem aos sábados e faz sempre o mesmo percurso, isso depois de trabalhar a semana toda numa “casa de família”. Algumas pessoas que estavam próximas davam umas dicas e acabei entendendo como era o esquema dos trens, horários, linhas, coisas desse tipo.
Na volta procurei não falar tanto, mas observar e ouvir mais. João Pedro, uma criança linda de 4 anos de idade dormia o tempo inteiro naquele desconforto. Bem que a mãe dele tinha avisado que se ele não dormisse depois do almoço, teria sono durante a viagem. Dito e feito! Quando chegou a estação onde iam desembarcar, ele mal conseguia se manter de pé pra sair do trem. Talita foi mais obediente, dormiu depois do almoço e estava bem esperta durante toda a viagem. Sua mãe, que conheceu a mãe de João Pedro quando entraram no trem, dizia que só deixava Talita brincar com o que queria depois de dormir um pouquinho. “Pode fazer isso com o João Pedro que vai dar certo com certeza”, dizia ela, se vangloriando de sua esperteza. Mal desceram (João Pedro e a Mãe) e logo entrou um pastor evangélico com sua esposa, muito simpáticos por sinal. No lugar que iam sentar havia um folheto promocional daqueles que tem as fotos dos produtos com os respectivos preços. O pastor perguntou de quem era, mas não obteve resposta, então ficou para a esposa dele, que logo tratou de analisar todos os preços. Resultado: o assunto do vagão deixou de ser o sono e o comportamento das crianças e passou a ser a “caristia”. O pastor não participou muito da conversa, abriu a bíblia e foi ler mais sobre a palestra que ia dar na Igreja, afinal sua responsabilidade é grande e quanto mais se preparar, melhor. Daí pra frente o assunto não mudou mais e logo eu estava de volta na Estação João Felipe, de onde saí achando que os trens europeus eram invejáveis e cheguei de volta refletindo sobre o que é realmente importante, ter as coisas ou “ter” as pessoas. E o que vale mais? Andar no silêncio de um trem europeu, mas ouvindo cada ruído e contando os minutos pra chegar logo; ou andar num vagão barulhento, mas que tem o barulho abafado pelas histórias, risos, broncas de mães cuidadosas, enfim. O que é melhor? Ou pior?
Cada pessoa é um mundo incrível a ser descoberto, mas é preciso tempo, interesse, encontro, para poder se descobrir.
“Isto aqui é um pouquinho de Brasil, deste Brasil que canta e é feliz! Feliz! Feliz! É também um pouco de uma raça, que não tem medo de fumaça e não se entrega não”! (Ary Barroso).
Cada pessoa é um mundo incrível a ser descoberto, mas é preciso tempo, interesse, encontro, para poder se descobrir.
“Isto aqui é um pouquinho de Brasil, deste Brasil que canta e é feliz! Feliz! Feliz! É também um pouco de uma raça, que não tem medo de fumaça e não se entrega não”! (Ary Barroso).
Estação Professor João Felipe, em 2005. Foto Mário Sandrini
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